Edições inglesas dos livros de Agatha Christie alteradas para excluir descrições físicas", referências étnicas e insultos
A notícia foi avançada pelo jornal "Telegraph", que fala em "padrões de sensibilidade" que levam a mudanças nas histórias de Miss Marple e Poirot decididas pela Harper Collins"
Há um tempo a esta parte têm-se tornado cada vez mais frequentes notícias que considero verdadeiramente alarmantes.
Começa a notar-se por todo o mundo uma tendência para “purificar” a literatura tornando-a inócua de modo a não impressionar os leitores mais sensíveis. A pureza e a integridade das obras não interessa o fundamental é não “ferir susceptibilidades”. O exemplo que serve de introdução a este texto é só um dos muitos que podemos encontrar
No Publico de 8 de Março de 2023 Luis Miguel Queirozescreve um artigo em que desenvolve o assunto e onde apesar de tudo nos dá alguma esperança nem que seja momentânea.
“Editores portugueses ainda não recorrem a “leitores de sensibilidade”
Polémica em torno da rasura e reescrita de obras de Roald Dahl desperta receios de que o fenómeno chegue a Portugal. “
Esta nova forma de encarar as obras literárias ultrapassa-as e chega a outras formas de criação. Há dias li uma notícia que dava conta que na Florida uma professora se vira obrigada a despedir-se por ter apresentado a alunos de 11, 12 anos uma fotografia do David de Miguel Angelo por se encontrar despido. O puritanismo voltou aliado à estupidez. Perante a multiplicação de casos como estes não nos admiremos que em breve os criadores ( escritores e artistas em geral) se voltem a sentir confrontados com aquilo que se designa de auto-censura, uma barreira à sua criatividade.
Pasme-se porque, apesar de tudo, não estamos em tempos de Inquisição nem do Estado Novo mas em pleno século XXI